Pavio do destino Sérgio Sampaio
01 O bandido e o mocinho São os dois do mesmo ninho Correm nos estreitos trilhos04 Lá no morro dos aflitos Na Favela do Esqueleto São filhos do primo pobre07 A parcela do silêncio Que encobre todos os gritos E vão caminhando juntos10 O mocinho e o bandido De revólver de brinquedo Porque ainda são meninos
13 Quem viu o pavio aceso do destino?
Com um pouco mais de idade E já não são como antes16 Depois que uma autoridade Inventou-lhes um flagrante Quanto mais escapa o tempo19 Dos falsos educandários Mais a dor é o documento Que os agride e os separa22 Não são mais dois inocentes Não se falam cara a cara Quem pode escapar ileso25 Do medo e do desatino
Quem viu o pavio aceso do destino?
O tempo é pai de tudo28 E surpresa não tem dia Pode ser que haja no mundo Outra maior ironia31 O bandido veste a farda Da suprema segurança O mocinho agora amarga34 Um bando, uma quadrilha São os dois da mesma safra Os dois são da mesma ilha37 Dois meninos pelo avesso Dois perdidos Valentinos Quem viu o pavio aceso do destino?
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