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PAGAR PARA DORMIR.
Em um mundo com bilhões de insones cresce o número de hotéis onde o objetivo principal dos hóspedes é reaprender a ter uma boa e merecida noite de sono.
Diego Alejandro
“Um conceito de estilo de vida projetado para promover o descanso, a saúde positiva e o bem-estar.” É assim que o Zedwell, um hotel londrino, define sua estadia. As portas, paredes e pisos dos quartos têm isolamento acústico, o ar é purificado, não há TV, os cartões eletrônicos de acesso não emitem sinal sonoro e a iluminação é suave. Os elementos são um pouco peculiares, mas são o único do estabelecimento inglês. Eles são a base de um novo tipo de turismo que se expande neste mundo que aos poucos sai de uma pandemia sedento por usufruir novamente de um dos maiores prazeres e necessidade da vida: dormir. Em lugares como Zedwell, paga-se para reaprender a desfrutar das delícias do sono.
Parece estranho pensar em reservar um hotel com a finalidade de nele cair nos braços de Morfeu. No entanto, quando se sabe que bilhões de pessoas lutam todas as noites para descansar ao menos algumas horas, a proposta faz sentido. No Brasil, são pelo menos 73 milhões de insones, segundo a Associação Brasileira do Sono, padecendo das consequências de não pregar os olhos adequadamente: alteração de humor, baixa na capacidade cognitiva, pouca disposição física e maior riscos a doenças graves como obesidade e diabetes.
A emergência de um turismo do sono, portanto, não soa assim tão despropositada. E o nicho vai muito bem, obrigado. A maioria dos hotéis abriu depois de 2020, como o inglês Zedwell e o Hastens Sleep Spa, inaugurado em Coimbra, Portugal. Com 15 quartos e pacotes a partir de 3000 reais a diária, o local pertence à marca homônima de camas listadas entre as melhores do mundo. Elas são feitas por artesãos que usam métodos tradicionais e materiais naturais desde 1852, com cada móvel levando mais de 300 horas para ser produzido. O processo gera “condições perfeitas para que o corpo relaxe ergonomicamente, apoiado e sem pontos de pressão”, garante a fabricante.
O foco dado à cama é esperado. Os hóspedes que reservam a Sleep Suite do Park Hyatt, em Nova York, pagam a partir de 4000 reais de diária para aproveitar, principalmente a restorative bad (em tradução livre do inglês), invenção da empresa Bryte, que usa inteligência artificial para acomodar o corpo do hóspede com perfeição. Outros resorts levaram o turismo do sono a um patamar acima. Em Ibiza, na Espanha, o Six Senses possui estadias com direito a exames e consultas de saúde e monitoramento do sono, além de sessões de relaxamento na praia. O Hotel Mandarim Oriental, em Genebra, uniu-se ao Senas, clínica privada suíça, para criar um programa de três dias - e 19.000 reais - que inclui diagnóstico de distúrbios do sono. Estadias em lugares assim, contudo, não devem ser encaradas como a redenção da insônia. “O sono perdido não é recuperado em poucos dias de hospedagem”, afirma a neurologista Márcia Assis, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono. Por outro lado, a experiência gera informações valiosas. “À vivência pode ensinar novos hábitos a ser levados para rotina diária”, avalia a especialista. Na bagagem de volta, portanto, em vez de objetos locais, estará a matéria-prima para o merecido, sagrado e saudável descanso.
Fonte: REVISTA VEJA, n. 2826, 01/02/2023.
A relação semântica sugerida não está adequada em:
“E o nicho vai muito bem, obrigado.” | nicho (nova oportunidade comercial).
“(...) por usufruir novamente de um (...)” | usufruir (desfrutar).
(...) isolamento acústico, (...)” | acústico (térmico).
(...) turismo que se expande (...)” | expande (amplifica).
“(...) que aos poucos sai de uma pandemia (...) | pandemia (disseminação mundial de uma patologia nova).
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