Carlos Heitor Cony
o terminar meu nono romance (
Pilatos), há mais de vinte anos, prometi a mim mesmo que, acontecesse o que acontecesse, aquele seria o último. Nada mais teria a dizer – se é que cheguei a dizer alguma coisa.
Daí a repugnância em considerar este
Quase memória como romance. Falta-
lhe, entre outras coisas, a linguagem. Ela oscila, desgovernada, entre a crônica, a reportagem e,
até mesmo, a ficção.
Prefiro classificá-lo como “quase-romance” – que de fato o é. Além da linguagem, os personagens reais e irreais se misturam, improvavelmente, e, para piorar, alguns deles com os próprios nomes do registro civil. Uns e outros são fictícios. Repetindo o anti-herói da história, não existem coincidências,
logo, as semelhanças, por serem coincidências, também não existem.
No quase-quase de um quase-romance de uma quase-memória, adoto um dos lemas do personagem central deste livro, embora às avessas: amanhã não farei mais essas coisas.
C.H.C
Referência: CONY, Carlos Heitor.
Quase memória: quase-romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.